quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Escola Técnica da UFRGS em festa! Um pouco da história dos 100 anos da Escola e dos 50 anos do curso técnico em secretariado.

Por Edna Valessa Moretto Dias, Iara Souza e Liza Löper.



A CRIAÇÃO DA ESCOLA DE COMÉRCIO.





Foi a 26 de novembro de 1909, na então Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, que se reuniu, em sua 66ª sessão, a Congregação, para tratar da criação da Escola de Comércio anexa àquele estabelecimento de ensino. O projeto da autoria dos Professores Desembargador André da Rocha, Dr. Leonardo Macedônia Franco e Dr. Souza e Francisco Rodolfo Simch.
Em face do resolvido pela unanimidade da Congregação, seu presidente, o professor Desembargador André da Rocha declarava fundada a Escola de Comércio de Porto Alegre, anexa à Faculdade Livre de Direito. Nascera a ESCOLA DE COMÉRCIO. “Ela é marcada de dedicação, trabalho, compenetração, tenacidade e espírito de sacrifício com que se vem empenhando gerações de dirigentes, professores e funcionários em prol do ensino e da criação de uma nova mentalidade num meio por vezes adverso” – disse, há tempos, em uma solenidade, o antigo diretor Helio Machado da Rosa.
A nova ESCOLA DE COMÉRCIO resolveu que o seu ensino seria essencialmente prático, adotando o plano fixado pelo Decreto Federal nº 1339, de 9 de janeiro de 1905, já seguido pelas Academias de Comércio de São Paulo e Rio de Janeiro.
Já em 1911 surgia a primeira turma que completava o Curso Geral, de dois anos. Era constituída dos seguintes 16 alunos:



· ACHYLES HAMEL
· ALCIDES ANTUNES
· ALFREDO RODOLFO MARIATH
· ARCHIMINO SELISTRE DE CAMPOS
· ARISTIDES CASADO
· EDGAR LUIZ SCHNEIDER
· FLORIANO OLIVEIRA DA SILVA
· JOÃO FRANCISCO ALVARES
· OSCAR DE SOUZA NEVES
· RUBEM GERMANO PEDREIRA, TEODORO QUITZROU
· VITOR SPERB, ALVARO FERNANDES RIBEIRO
· VIRGILIO BASSANO CORTESE
· ANIBAL PORTO BRAGA
· FRANCISCO JOSÉ DA COSTA FILHO.



Em 1933 a Escola de Comércio tinha a sua situação formalizada em face da legislação vigente e todos os seus diplomas expedidos registráveis para os efeitos da lei.
No governo do general Flores da Cunha, o ensino superior do Estado passou por uma grande transformação, com a criação da Universidade de Porto Alegre, hoje Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A Escola de Comércio veio gozar desse benefício, pois, em 1934, ingressava na Universidade como anexa à Faculdade de Direito.
Egidio Hervé, mestre de notável saber, levou a bom termo a transformação da Escola de Comércio na Faculdade de Economia e Administração. Antes de sua transformação de Escola de Comércio em Faculdade de Economia e Administração e, após, em Faculdade de Ciências Econômicas, contou como diretores o desembargador ANDRÉ DA ROCHA, o Dr. LEONARDO MACEDÔNIA, o Desembargador MELLO GUIMARÃES, o Dr. EDGAR LUIZ SCHNEIDER e o Dr. ELPÍDIO PAES, que, na mesma ocasião, também eram diretores da Faculdade de Direito.




A história contada através da história!
A seguir, algumas personagens contam sua história com a Escola e com o curso técnico de secretariado.





Elisabeth Passos iniciou sua carreira docente na Escola Técnica da UFRGS praticamente por acaso. Em 1976, assumiu como professora substituta. Até aquele momento era estudante de Biblioteconomia e monitora da professora titular de Biblioteconomia e Arquivística do curso de secretariado. Quando essa professora entrou em licença saúde
Elisabeth foi convidada por ela para dar umas "aulinhas" na Escola, até que pudesse reassumir. E ela aceitou o grande desafio. “Eram turmas enormes, com profissionais que já trabalhavam e tinham a idade de minha mãe”, conta. Quando chegou o final do semestre, Elisabeth achou que havia cumprido sua missão. Qual não foi sua surpresa, quando, após as férias, recebeu um telegrama do Diretor da Escola, professor Clóvis Vergara Marques, pedindo-lhe para comparecer com urgência na Escola para tratar de um assunto do seu interesse. “Devo ter cometido algum erro”, pensou. Para sua surpresa, a professora titular do curso não retornaria da licença e a Escola estava novamente sem professora para a disciplina de Arquivística e Biblioteconomia. Foi então que o professor Vergara lhe ofereceu um contrato para assumir as turmas imediatamente. E foi assim, de surpresa, que a professora Elisabeth Passos iniciou sua carreira docente na Escola. “Nunca havia passado por minha cabeça ser professora, pois eu estudava Biblioteconomia, já que, em Porto Alegre, na época, não existia uma faculdade de Arquivística, minha verdadeira paixão. Aceitei o convite do professor Vergara e tratei de corresponder às expectativas da Escola e dos alunos.
"Reformulei conteúdos, adequando-os à profissão de secretária, busquei especialização com a Formação para Professores e mais tarde uma pós-graduação em Arquivologia”, fala.
Durante os 27 anos em que trabalhou na Escola, houve grandes mudanças. As que ela considera mais significativas são com relação à estrutura curricular, que, no princípio, era uma união do segundo grau mais o curso técnico e, posteriormente, o formato como conhecemos hoje, uma complementação profissional ao segundo grau, sendo este pré-requisito para ingressar na Escola. “Foi muito aprendizado e constantes modificações, pois o curso necessitava sempre ser atualizado para atende ao mercado de trabalho”, diz. Outra mudança importante foi a transição do até então "escritório modelo" da Escola, composto por máquinas de escrever mecânicas e elétricas, para o laboratório de informática, ainda na “Escola velha”, situada na Avenida João Pessoa. No início, era “uma salinha acanhada, com 10 microcomputadores e isso foi o máximo. Começava aí a interdisciplinaridade”, conta. A criação de uma Biblioteca também foi outro fato marcante na vida da Escola, conforme Elisabeth. Os alunos freqüentavam as bibliotecas da Universidade, a Escola não tinha uma biblioteca própria. Por iniciativa do professor Vergara que, doando uma pequena coleção de livros que guardava na sala da Direção, e, com uma campanha de doações, criou a Biblioteca Clóvis Vergara Marques, que ele mesmo chegou a inaugurar.
Dentre as recordações de Elisabeth estão suas ex-alunas, entre elas, a atual professora Bernadete Billo. “Sempre afirmei, sem querer menosprezar nenhum dos outros cursos da Escola, que o Secretariado é um dos que maior utilidade tem, pois tudo o que se aprende pode ser aplicado em qualquer área de conhecimento e também na vida. É comum encontrar ex-alunos que hoje são advogados, dentistas, professores etc. que me dizem lembrar sempre das minhas aulas e de quantas coisas conseguiram aplicar em suas vidas e profissões! Por isso que o curso técnico em Secretariado sempre foi o meu xodó”, finaliza.




Professora Liana Yara Richter ingressou na escola na década de 1960, como aluna do curso Técnico em Secretariado. Naquela época, não se usavam calças compridas, apenas saias. Contudo, sua turma foi a primeira a usá-las, no bar da Faculdade de Ciências Econômicas. “Foi um sucesso”, afirma. Sua turma, apenas de mulheres, era muito unida e levava com seriedade o curso. Os professores traziam o mundo do trabalho para dentro da sala de aula. “Lá aprendi a usar o talão de cheques; o que fazer para ter conta em bancos; como se abre uma empresa; quais os impostos que pessoas físicas e jurídicas têm que pagar; quais os termos adequados para se expressar em inglês técnico; como redigir, em português e em inglês, correspondências oficiais e de uso comum”. Além das disciplinas técnicas, tinham aquelas correspondentes ao Segundo Grau (Ensino Médio), que eram bem abrangentes, como história, geografia, ciências, as quais tinham muito das características de seus professores.
Liana formou-se no ano de 1970, prestou vestibular e entrou na UFRGS no curso de Administração, em 1972, e concluiu o mestrado em 1982. No mês de março de 1980, estava entrando na sala de aula para lecionar a disciplina de Mecanografia e de Administração. Passou vários anos como coordenadora da área de administração e, em 1988, o Professor Aldo Rosito a convidou para ser sua Vice-diretora, na primeira eleição da escola em cerca de 80 anos. Em 1993, assumiu o cargo de Diretora, no qual permaneceu até 2004, um pouco antes de aposentar-se.

Existem inúmeros fatos marcantes e curiosidades em sua gestão como diretora que, segundo Liana, dariam para preencher centenas de páginas de um livro, mas conta um caso em especial. “Os alunos do curso Técnico em Computação – turno da manhã – queriam arrecadar dinheiro para a viagem de formatura, cujo destino seria Argentina. Veio um grupo de alunos em meu gabinete para perguntar se poderiam vender sanduíches no recreio durante um mês. (...) Eu disse que o bar já vendia e que trouxessem outra idéia interessante. (...) eles retornaram dizendo que não conseguiram pensar em nada. (...) tendo em vista os novos laboratórios de informática e a possibilidade de os professores das disciplinas do núcleo comum precisarem do domínio básico de informática, sugeri que dessem aula aos professores e que a direção compraria as vagas dos professores para que não tivessem despesa financeira. Todos adoraram a idéia.(...) Foi um sucesso, para os alunos que passaram pela experiência de serem professores, para os professores e para a escola. E eles foram muito felizes na sua viagem. (...)
Liana avalia as turmas de secretariado do turno da manhã como sendo únicas, eram mais ousadas, tinham mais sonhos, questionavam os professores, faziam trabalhos mais arrojados e tinham muita sede de abraçar o primeiro emprego. “As festas do dia da secretária eram bem produzidas e muito saborosas”. Entretanto, as alunas do noturno eram trabalhadoras que queriam se qualificar, “como geralmente acontece”.
As mudanças mais significativas, para Liana, que ocorreram desde o seu tempo até hoje foram, a mudança para o prédio próprio, que segundo ela, criou uma identidade da escola, liberdade de ação e responsabilidade pelos atos, o compromisso de criar novos cursos; cursos junto com o segmento do mercado de trabalho e, depois de criados, já existem postos para estágio e para o emprego permanente. “Bem, passado todo este tempo de prédio novo, cursos novos, currículos atualizados, creio que esta decisão de se transformar em instituição autárquica é madura. A escola ficou adulta e tem todas as condições de agir com liberdade e responsabilidade.”


Ex-aluna da Escola Técnica e do Curso de Secretariado que vamos conhecer um pouco mais chama-se Mariúsa Beltrão, aluna da turma de 1962. Após sua formatura, em 1965, prestou concurso e foi aprovada na disciplina de Técnica Profissional, a qual passou a lecionar como titular entre 1965 e 1967. Recorda-se daquele tempo com saudades, pois o considera inesquecível. Vinda de um colégio de freiras direto para a UFRGS, foi um salto à libertação. Naquela época, a Escola era anexa à Faculdade de Ciências Econômicas e ao lado do curso de Direito. Ao citar os bailes de Reitoria, é possível sentir sua emoção ao lembrá-los, dos quais participou na qualidade de madrinha de alguns alunos. No Direito, conheceu o atual prefeito Fogaça e outros líderes estudantis.
Dos momentos memoráveis, cita as aulas de inglês, estatística e psicologia, com os professores Maria Barbosa, Rivadávia e Êdela Pereira de Souza, respectivamente, mas não deixa de mencionar o professor Soli, pai do professora Geraldo, este esposo da professora Ana Cypriamo.
Sua trajetória profissional iniciou na Escola Técnica, mais precisamente dando aulas de Técnica Profissional I, II e III, a qual abrangia a parte comportamental e a parte de correspondência comercial e oficial. Mais tarde, como coordenadora do curso de Secretariado Executivo na Unisinos, constatou que o currículo da Escola era superior ao da universidade. Assim, apresentou uma reformulação para torná-lo mais atraente. [fiz uma mudança. Vejam se o sentido é este] Lecionou nas turmas da manhã e da noite, na Escola, sempre no Curso Técnico de Secretariado, na competência de mecanografia. Coordenou eventos da Pró-reitoria de Extensão, como o Centro Cultural, Recepcionista – Telefonista, Introdução à Informática, organização de eventos empresariais, entre outros. Elaborava as provas de seleção para ingresso no Secretariado durante o período que esteve na Escola. Dedicou-se por 25 anos à Escola Técnica.
Contou-nos, também, que os recursos da época eram precários tanto quanto as instalações, mas se sabia lidar com as adversidades. Talvez nossa imaginação não “nos leve tão longe” a ponto de entendermos quando ela comenta que as aulas eram dadas na sala de mecanografia e processamento de dados, com máquinas de escrever manuais, duplicadores a álcool e a tinta, o retroprojetor (com lâminas confeccionadas à mão).
Quando lhe questionamos sobre qual mudança ocorrida na Escola desde o seu tempo e que considera mais significativa, Mariúsa disse: “as novas instalações, os novos cursos. (...) houve uma modernização, mas a Escola, eu diria, perdeu aquele “glamour” dos tempos em que funcionava no espaço entre as faculdades de Administração, Direito e Engenharia. Hoje, me parece mais “fria”, não sinto o calor humano, tão peculiar daquele tempo. Talvez seja saudosismo. Quem sabe....”





Ata de fundação da Escola.








Publicação para Inscrições na Escola em 1913.





Antiga sala de datilografia.



Imagem em comemoração aos 90 anos da Escola.

Um comentário:

  1. NOSSA QUEM SABE UM DIA ESTAREIS AI FAZENDO CURSOS....
    SOU UMA ADMIRADORA DESSA INSTITUIÇÃO A MUITOS ANOS...
    PRETENDU CURSAR BIOLOGIA!!!
    PARABÉNS PELA GUARRA QE TENS PELOS SEUS ALUNOS!!!
    OBRIGADA!!!
    Bruna Fagundes.
    26/02/2009

    ResponderExcluir