Francisca da Silva nasceu de um relacionamento extraconjugal entre um português e uma escrava. Seu local e data de nascimento são incertos, mas sua história se passou no Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina em Minas Gerais. Pertenceu, por muito tempo, ao sargento mor, Manoel Pires Sardinha. Dizem as más línguas que foi também sua amante, com quem teve dois filhos.
Em seguida, conheceu o Contratador de diamantes João Fernandes, que a comprou e lhe concedeu a alforria. A paixão entre os dois fluiu naturalmente, e o influente contratador a elevou de escrava a fidalga. Deste relacionamento, nasceram treze filhos. Alguns, inclusive ocuparam importantes cargos na época.
Xica, com certeza, não foi uma mulher “boazinha”. Altruísmo é, provavelmente, um sentimento que, enquanto viva, desconheceu por completo, mas quando se tratava da “arte” da sedução, era doutora no assunto.
Pessoalmente, não a vejo com maus olhos. Penso que foi, na verdade, uma mulher esperta, que soube aproveitar as oportunidades e desfrutar dos benefícios que lhe foram concedidos. Gozou de luxo e prestígio. Viveu maritalmente com João Fernandes em um castelo, na Chácara de Palha, construído por ele, equipado com capela, teatro e, inclusive, um lago particular.
Devido ao seu temperamento explosivo, foi apelidada de “Xica Mandona” ou “Xica – que – manda”. Foi escrito, inclusive, um verso no livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles falando sobre a ex-escrava: “Contemplai branquinhas/ na sua varanda, / a Chica da Silva, / a Chica-que-manda.”
Confesso, porém, que tenho uma simpatia natural por mulheres como Xica. São, para mim, as “mocinhas” às avessas, e gosto disso. Mulheres como ela são dotadas de personalidade forte e emoções violentas, o que me agrada muito. Não estão dispostas a abdicar da felicidade, não se conformam com a derrota, contornam as situações ao seu favor, mas, principalmente, divertem-se. Quando imagino Xica, penso, logo, em uma mulher espalhafatosa, divertida e esbanjadora, sorrindo demasiadamente.
O “conto de fadas”, porém, findou-se quando João Fernandes viajou definitivamente para Lisboa. Mesmo assim, a “dona de diamantina” continuou vivendo o seu esplendor social, entretanto sem o seu amado companheiro, o contratador. Em 1792, Xica, faleceu.
Foi Xica mulher de tamanha imponência que sua história não se restringiu, apenas, às páginas dos livros, mas foi, ainda, tema de novelas e filmes. Em 1996, foi ao ar, pela Rede Manchete, a novela Xica da Silva e, em 2005, reprisada, pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).
Sua altivez e seu temperamento peculiar lhe renderam um papel extraordinário na história do Brasil. Sua ascensão social, em plena escravidão, não simbolizou, somente, a força da mulher, mas, também, a força da mulher negra. Encerro, portanto, com a melhor descrição que encontrei da mandona Francisca da Silva:
A imperatriz do Tijuco/ A dona de Diamantina/ Morava com a sua corte/Rodeada de belas mucamas/ num castelo da Chácara de Palha/ De arquitetura sólida e requintada/ Onde tinha até um lago artificial/ E uma luxuosa galera/ Que seu amor, João Fernandes, o contratador/ Mandou fazer só pra ela. (Tema de Abertura da reprise do SBT).
Taís Araújo como Xica.Para saber mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chica_da_Silva
http://pt.wikipedia.org/wiki/Xica_da_Silva
http://www.criola.org.br/nnh_xica_da_silva.htm
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1047.html
http://pt.shvoong.com/humanities/h_history/1768586-verdadeira-hist%C3%B3ria-chica-da-silva/
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u167.jhtm